Chiado Editora

[Entrevista] Bate papo com autor Fábio Mourájh

domingo, setembro 11, 2016,4 Comments

Helo it´s me....
Hahahaah, adoro chegar assim, a lá Adele!

Então, gente como vocês estão, bem, bem ou bem???
Sabe eu andei numa bad braba, estava quase desistindo aqui do clube, (calma, não se desesperem passou, ufa!).
Vocês devem estar se perguntando o porquê, certo?
Bem, o blog dá muito trabalho gente, sério mesmo, eu amo, mas às vezes canso.
E sabe o que vinha deprimindo? 
Alguns autores que só vinham até nós pedindo e depois víamos só reclamando que não tem apoio e blá blá blá...
Sendo que nós sempre apoiamos desde sempre aqui no blog (nossas resenhas são quase 90% nacionais) eles às vezes ignoravam as postagens que fazíamos para ajudá-los,mas graças à Deus não são todos, mas bateu a bad e....

Eis que surge o Fábio, vi um dia em uma postagem alheia ele dando uma resposta super positiva, sendo grato de verdade pelo que conquistou e quem o ajudou, então eu fui atrás que nem louca e fiz amizade, pois precisamos de gente com essa energia próximo da gente pra dar um ânimo, e claro que seria injusto não apresentar ele à vocês, certo?

Então eis essa criatura querida que garimpei na internet!

Conheçam o autor, sua obra e o bate papo que tivemos (aluguei o pobrezinho o dia todo com essa entrevista, valeu por me aturar Fábio!!! kkkkk )

Fábio Mourájh nasceu na cidade de Fortaleza no Cearáem 27 de junho de 1986. É formado em Comunicação Social Publicidade e propaganda.Decrépitos - Aqueles que Herdaram a Terra é o seu primeiro livro publicado.Uma curiosidade é que Fábio é disléxico e sonâmbulo e muitos de seus capítulos foram escritos enquanto ele dormia, o que tornou o ato de escrever algo extremamente desafiador.

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DecrépitosAutor: Fábio Mourájh

Data de publicação: Fevereiro de 2016

Número de páginas: 474
ISBN: 978-989-51-6795-1
Colecção: Viagens na Ficção
Género: Romance


Sinopse:Em um futuro pós-apocalíptico, um vírus mortal, criado em meio à última guerra mundial, dizimou quase toda a humanidade, obrigando os sobreviventes a permanecerem protegidos dentro de cúpulas. Duas cidades se erguem então em meio a toda esta destruição: Adão, a primeira cidade e lar dos sábios e poderosos Elevados, seres com dons e poderes especiais; e Eva, a cidade da perdição, lugar onde vivem os Decrépitos seres marginais, produzidos em grande escala pelos humanos para satisfazerem todas as suas necessidades. É neste lugar que surge Loan, um jovem Decrépito que após ter seus dons despertos, acaba atraindo muita atenção com a intensidade de seu poder, inclusive dos poderosos Elevados de Adão. Descontrolado por causa dos acontecimentos que o levaram até seu despertar, Loan desenvolve seus dons de maneira perigosa, manifestando-os para punir aqueles que se colocam em seu caminho, equilibrando-se assim no limite entre o bem e o mal. Porém, os desafios e surpresas que o futuro reserva para Loan são ainda mais sombrios do que que se possa imaginar, pois existe uma ameaça desconhecida que se esconde nas sombras de Adão, e é em meio a este cenário que Loan se vê dentro do olho do furacão que ameaça o que restou da civilização humana.


ENTREVISTA



1- Giu: Então lá vamos nós...
Fale um pouco sobre o autor Fábio e o que o levou para o caminho da literatura.


Fábio: Bom, deixa eu pensar... heheheheh. Eu sou de uma família que tem como hábito contar histórias. Desde criança cresci em torno de muitos causos e contos da família da minha mãe. Quando os tios se reuniam na casa da minha avó contava-se muitas histórias de lobisomens, mulher de branco e por aí vai. Meus tios também sempre foram ótimos piadistas, então essa cultura de contar histórias sempre veio comigo desde o início da minha formação como ser humano. Aos 24 anos aconteceu de um determinado momento de minha vida em que necessitava despejar minhas frustrações de alguma maneira. Encontrei na escrita uma maneira de me reconectar com toda essa minha herança familiar. Desde então tenho seguido essa carreira cada vez com mais certeza de que essa é uma maneira que eu encontrei de ser feliz.



2- Giu: Então é possível afirmar diante da sua resposta que você encara a literatura muito mais do que apenas uma profissão, mas sim algo terapêutico e uma porta de comunicação com outras pessoas?


Fábio: Meu livro é uma alegoria da vida, do mundo e das questões que abatem o homem sobre sua importância no mundo. Mundo esse cheio de regras e paradoxos, sendo mais objetivo. Ele fala da relação do homem com o mundo e suas várias interpretações do mesmo. Seja social, religiosa ou científica. Os dilemas dos personagens principais como Loan, que procura salvar pessoas destruindo outras, ou da freira Doroth que busca salvar Loan de si mesmo além de outros personagens remetem ao que o nosso mundo é. Que somos cegos ao próximo quando ele é membro de um grupo do qual não pertencemos. O livro é um representação do que fomos, somos e poderemos ser.


3- Giu: Você teve seu primeiro livro publicado esse ano e enfrentou sua primeira bienal internacional do livro, nos conte um pouco sobre essas experiência, o balanço positivo e negativo dessa edição em sua opinião.


Fábio: Nossa... acho que se pudesse definir a experiência rapidamente, eu diria que foi muito intensa. Acho que o ambiente pode variar muito dependendo de quanto tempo você está na carreira. Pra mim teve um mix de sensações. Realização por alcançar um projeto de vida, de ser escritor e poder conhecer outros com o mesmo objetivo. De estar tão longe de minha cidade e ter tantas pessoas me prestigiando mesmo assim, e pela felicidade de me sentir no meu hábitat natural que é estar cercado por livros. Também me senti esperançoso com o futuro e a literatura no país. Minha sessão foi às 13:00 da segunda feira dia 29 e ainda assim estava cheio de pessoas por toda bienal. Acho que para quem foi com o espírito de amor a literatura foi mágico. Existem alguns problemas que poderiam ser melhorados, mas como um todo foi uma experiência linda.

4- Giu: Não posso deixar de mencionar que quando descobri que você é Aspie (possui um grau leve do autismo) me surpreendi positivamente pela sua capacidade e desenvoltura, já existiu algum preconceito de alguma forma no meio por esse motivo? Você usa de alguma forma a literatura para fins de conscientização para a causa e desfazer os estigmas impostos pela sociedade?

Fábio: Ser Asperger é sempre algo delicado no que se refere a se relacionar com os outros, muito disso se deve pelo pouco conhecimento que se tem e pelas enormes variações de grau de autismo. Eu costumo refletir sobre minha condição, pois existem muitos esteriótipos. Já tive problemas com pessoas que não entendem bem certas questões. Não me considero um indivíduo tão atuante no que se refere a conscientização das pessoas sobre o autismo, mas entendi que sendo um indivíduo produtivo intelectualmente, prova que todos nós Aspergers podemos ser criativos e úteis a sociedade. Meu primeiro livro tem sim essa abordagem sobre as diferenças de pensamentos e compreensão do mundo que cada um possui. No meu caso até por ser disléxico acabo mostrando a outras pessoas que mesmo quando se tem alguma obstáculos existe uma grande diferença entre dificuldade e incapacidade.


5- Giu: Quais autores costuma ler, e quais influenciaram diretamente ou indiretamente na sua escrita?

Fábio: Eu gosto sempre daqueles autores ambiciosos, aqueles que tinham como objetivo de vida realmente produzir obras que superassem questões simplesmente mercadológicas. Para mim escrever é uma condição de vida, e como na vida devemos sempre procurar sermos melhores. Meus escritores favoritos passam por Ernest Hemingway, Clarice Lispector, Úrsula K. Le guin, Borges, Franz Kafka, Stendhal e Shakespeare por tudo que fizeram e construíram. Para mim ser escritor é mais do que ser uma vendedor de livros. É se prontificar a deixar algo seu para aqueles que virão mesmo muito depois de você não estar mais aqui para receber um elogio. É uma mistura de altruísmo e crença no futuro. Todos esses autores deixaram algo para o mundo e eu desejo deixar algo também. Também gosto dos contemporâneos Bernard cornwell, Joe Abercrombie, George R. R. Martin e Ken Follet.


6- Giu: Você tem algum novo projeto em andamento? Se puder nos conte um pouquinho.

Fábio: Siiiiiiiiiiiiim, e como tenho. Atualmente escrevo paralelamente a continuação do Decrépitos, que se chamará Elevados ( estou contando em primeira mão) minha nova série intitulada Túmulo de Carne que nada mais é que um exercício de reconstrução da nossa história. Contando a criação do mundo pelos aspectos mais humanos. O primeiro livro fala de vingança. É uma obra aos moldes Shakespeareano onde os dilemas de um homem o levam a fazer coisas muito além do aceitável para sua consciência. É uma série de dramas que transcorre um prisma de emoções que motivam ações que desencadeiam grandes acontecimentos históricos. Todos nós nos perguntamos o que poderíamos ter feito de diferente em nossas vidas. E se tivesse casado com o primeiro amor? E se tivesse dito aos meus pais que os amava? E se não tivesse filhos tão jovem? Esses "sis" são a minha matéria prima para uma mundo igual, mas diferente do nosso.


7- Giu: O que te inspira a criar novas histórias, notícias, outras histórias, filmes? Existe um ritual para iniciar o processo de escrita, você escreve e as Ideias vêm naturalmente ?

Fábio: O que mais me inspira escrever é o fato de que as pessoas tendem a se esquecer do que é realmente importante. quando eu era bem criança no ano de 1993 aconteceu um fato que escancarou aos meus olhos todos o desamor que existia no mundo, no dia 23 de julho daquele ano mais especificamente acorreu a chacina da Candelária, quando dezenas de crianças foram executadas por policiais. esse mesmo fato foi desencadeador de uma outra tragédia nacional, que foi o sequestro do ônibus 174. Essas histórias são esquecidas pela massa, mas continuam a gerar outras situações iguais. O decrépitos nasceu desse acontecimento. A chacina e todo o resultado dela é tão visceral e impactante quanto qualquer obra cinematográfica. Eu sou bem metódico com o meu processo criativo de escrita. Eu sempre começo relendo o que eu já escrevi. Tudo que eu escrevo é a base da minha construção literária, muitas vezes a inspiração não vem e o autor tende a sofrer com tal situação. Eu procuro naquilo que já escrevi a fórmula que encontrei naquele momento para escrever com inspiração. Até hoje sempre deu certo.
Sobre a tragédia do ônibus 174, foi que o rapaz que promoveu o sequestro que culminou na morte dele e de sua refém era uma das crianças que escapou da chacina. Assim como em um livro, a vida tem seus desfechos mais inusitados e isso é o que me faz escrever. Refletir sobre tudo que já passei e vi.


8 - Giu: Essa última resposta me faz pensar que então o meio influi sobre nossas decisões futuras, como esse rapaz da chacina. Então em sua opinião grandes tragédias, fatos ou atos de barbárie podem transformar para o mal ou para o bem uma pessoa?

Fábio: Sim, inevitável e invariavelmente muda sim uma pessoa. Nossa vida não está definida quando nascemos. Somos a somatória de milhares de decisões e acontecimentos e tido esse caos e imprevisibilidade é que torna viver tão maravilhoso.


9 - Giu: Então para finalizar, quero agradecer de coração a disponibilidade e a simpatia, acima de tudo, e desejar tudo sucesso do mundo para ti na carreira e na vida. 
E deixar um espaço para deixar um recadinho para seus leitores, futuros leitores e também para aqueles que almejam escrever e publicar seu primeiro livro.a

Fábio: Bom, antes de tudo foi um enorme prazer poder falar um pouquinho sobre mim e sobre a minha carreira. É muito especial pra mim ter esse tipo de carinho de alguém que gosta e se dedica tanto a literatura que eu tanto amo. Eu só tenho a agradecer a você Giuliana. Sobre os leitores eu quero dizer a todos que tudo que ponho em minhas obras eu procuro fazer para que sejam relevantes na vida de vocês e acho que seria esse o recado que deixo para aqueles que desejam escrever. Procurem deixar coisas importantes para as pessoas e não querer ser importante para as pessoas. Toda obra é, e sempre será maior que o seu autor. Não procure reconhecimento, mas dê sempre o seu melhor e sempre respeite aqueles que te prestigiam. Eles são o seu combustível. Forte abraço a todos. Fiquem com Deus!
É isso gente, gostaram?
Já conheciam o autor, gostam do gênero?
Não deixem de comentar o que acharam da entrevista!
Até a próxima!
Beijocas com sabor de bananada!


Giu.

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4 comentários:

  1. Esse autor é um gênio! Tenho a honra de conhecê-lo pessoalmente.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Adorei a entevista, conhecer mais sobre o autor e o livro. Fiquei com vontade de ler Decrépitos. Beijos

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  4. Adorei a entevista, conhecer mais sobre o autor e o livro. Fiquei com vontade de ler Decrépitos. Beijos

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