Crimes
[OUTUBRO SANGRENTO] Resenha "EU SOU JACK, O ESTRIPADOR"
Oi, clubenautas!
Sempre que tenho a oportunidade, venho agradecendo a
Giuliana pela chance de fazer parte desta família que é o Clube do Livro &
Amigos, mas depois de ler “Eu sou Jack, O Estripador”, quero e preciso agradecer mais ainda. Sabe, o livro é de editora
parceira e como existem outras resenhistas, além dela, há a divisão entre os
livros e, no lugar dela, eu estaria bem arrependida por te me deixado pegar
este livro. Desculpa aí, amiga! Mas pode dizer: fiz uma escolha e tanto, né?!
:P
EU SOU JACK, O ESTRIPADOR FOI UM DOS MELHORES LIVROS
QUE LI NOS ÚLTIMOS MESES! (Isso, em Caps Lock mesmo para ficar bem gravada a
intensidade com que esse livro me prendeu). Ele faz parte do Grupo Pensamento,
pela Editora Seoman. Agora, Kate aqui
vai calar um pouco os sentimentos e falar da parte técnica.
EU SOU
JACK, O ESTRIPADOR
A autobiografia do mais famoso assassino
da história
Gênero: Autobiografia
Editora: Seoman
Páginas: 312
Sinopse: Em Whitechapel, em 1888, pelo menos cinco mulheres
foram brutalmente assassinadas e mutiladas. O assassino tornou-se conhecido
como Jack, o Estripador. Houve muitos suspeitos, porém ninguém foi preso pelos
crimes. Este livro apresenta um novo suspeito a partir de um manuscrito
redigido nos anos 1920 por James Willoughby Carnac. O texto abrange desde a sua
infância até a sua morte, e contém informações que nunca foram divulgadas. Além
disso, os acontecimentos da época e a geografia de Whitechapel, em 1888, são
descritos com total precisão, tornando James um convincente Jack, o Estripador.
Para completar, o motivo oferecido por ele, para ter se tornado um assassino,
nos faz crer que seu relato é puramente genuíno. Seria este livro a verdadeira
confissão de Jack, o Estripador, ou um extraordinário romance muito bem escrito?
Não
vamos falar sobre o autor porque este livro é supostamente uma autobiografia,
ok?
RESENHA
Há algo sobre Jack, o Estripador, que o mantêm vivo
nas mentes de todos nós: a sua oculta identidade. Acredito eu que com o passar
dos anos, Jack vai cada vez mais se tornando um personagem e não realmente um
serial killer que assolou Londres em 1888. Podem observar que muitos se
perguntam: Jack realmente existiu ou veio
de uma obra fictícia?! Nesta autobiografia você vai, não apenas entender
que Jack está longe de ser uma ficção, como vai observar tudo do ponto de vista
dele.
Vou apenas lembrar mais esta vez que essa obra é uma suposta autobiografia. Bem, só
poderíamos ter 100% de certeza perguntando ao próprio. Acho que ninguém teria a
ousadia de fazê-lo naquela época, menos ainda agora, afinal, seria necessário
um contato com o além. Com certeza, ainda vamos encontrar muitas obras sobre
Jack por aí porque, afinal, ninguém nunca foi capaz de encontrá-lo. Ou será que
estamos realmente diante do fim deste mistério?
James Carnac, autor da autobiografia que narra suas
próprias atividades ilícitas como Jack o Estripador, divide sua obra em três
partes e faz questão de deixar bem claro que não é um escritor e que, portanto,
não possui qualquer das técnicas que nós autores batalhamos em estudar, porém
James surpreende, mantendo você preso e ansioso por cada linha. Cada parte tem
um motivo de existir.
Antes de continuar, quero passar algo dito por ele.
Parte I
Conta a vida de James desde criança até a maior idade,
onde ele passa a morar sozinho, sustentando-se da quantia recebida de uma
herança transmitida ao seu pai e passada a James com a morte do genitor.
Nesta parte não temos uma narrativa enfadonha do tipo:
eu brincava de carrinho ou todo dia eu fazia isso e aquilo. James pontua os detalhes
que são importantes e decisivos para a sua formação como pessoa. E a cada
informação repassada, vamos tecendo nossas especulações dos motivos que o
levaram a ser Jack, o Estripador. Você fica se perguntando: foi aquela vez que
ele assistiu um porco sendo abatido para um açougue? Sendo esgoelado? Foi o
fanatismo religioso da mãe que mais parecia uma coisa de classe do que
propriamente um amor a Deus ou aos ensinamentos religiosos? Foram as atitudes
do pai? Herança genética? Ou nada disso?
Acredito eu que, mesmo tendo Jack escolhido os seus
próprios motivos para suas atitudes, caro leitor, você pode continuar
especulando aquilo que de fato o levou até lá. O que entendo é que James ou Jack,
vou chamá-lo das duas maneiras, era alguém que assassinava e cabia a ele tentar
se compreender, mas isso não significa que sua autoanálise tenha sido a
correta. Compreende? Talvez seja a razão que o fizesse se sentir mais
justificável.
Desde a primeira parte, Jack já demonstra uma
capacidade analítica impressionante da sociedade. Volte ao aviso que dei
anteriormente para entender que mesmo mentes assassinas podem ser inteligentes.
E confesso, sem vergonha alguma, que a visão que ele tem da ‘humanidade’ é em
muitos pontos parecida com a minha.
James consegue observar o quanto de hipocrisia há na
sociedade, consegue detalhar comportamentos humanos que nós mesmos não fazemos.
Já parou para pensar por que temos aversão à sangue? Será que você tem mesmo
aversão ao sangue ou ao que ele representa?
E é nesta primeira parte que ele nos mostra como tudo realmente começou, como descobriu que
poderia ser uma mente anormal. Sabe o que é mais incrível? Que Jack não se faz
de vítima, ele entende perfeitamente que é errado, compreende que seus desejos
não o tornam uma pessoa comum. A questão ruim é o modo como ele lidou com isso,
não é mesmo?
Parte II
A segunda parte talvez seja a mais atrativa para os
leitores porque é o momento em que James resolve confessar seus crimes. Apesar
de não ser escritor, como já comentei anteriormente, ele finaliza a primeira
parte de maneira direta, preparando o leitor para o início desta nova etapa de
sua vida, onde já inicia sua narrativa com o momento marcante que o levou a
tomar a atitude de matar. Entenda que até o momento havia apenas o desejo e, depois
deste ápice, o que era apenas um querer transformou-se em realidade.
As opiniões de James continuam tão ou mais
inteligentes do que antes e, nesta parte, ainda continuo me identificando com
ele em muitas observações. Já repararam no quanto nossa sociedade é
contraditória? No quanto nossa sociedade é celetista? Jack retira vidas, ok?
Mas até que ponto a sociedade realmente considera a vida como sagrada? A vida
de um animal é sagrada? Ou somente a humana?!
Por que condecoramos nossos soldados por matarem seus inimigos? Por que nos
preparamos para guerras? Por que criamos armas? Queremos preservar a vida,
queremos a paz, mas o que fazemos pelos nossos desejos? Nada. Absolutamente
nada. Nós continuamos repetindo tudo que já nos é dado como certo: preparar
soldados, possuir as melhores armas, matar animais com requintes de
crueldade... Alguém realmente levantou a bandeira branca?
Podemos observar também o quanto a mídia auxilia, de certo ponto, um assassino.
Foi através de jornais que noticiavam crimes e julgamentos que James conseguiu
estabelecer um plano. Se você sabe como a polícia pode lhe pegar, não se torna
fácil escapar dela? Pense bem... Basta você analisar todos os furos que levam à
revelação da identidade do assassino e não praticá-los. Ficou fácil para Jack,
bastava que ele fosse calmo, natural e agisse com frieza. Você acha isso
difícil para alguém que tem coragem de matar?
Até hoje vemos isso: a imprensa noticia onde a polícia
fará uma inspeção, onde vai acontecer uma invasão à procura do criminoso X, e
realmente acreditamos que o X vai estar lá esperando sentado? É sério?! Se
acreditamos nisso, X é muito burro, seria simplesmente mais fácil se entregar,
né? Daria até para reduzir a pena.
Então, depois de estudar os métodos necessários para
manter sua identidade oculta – o que
funcionou, não é verdade? – Jack parte para a execução dos seus planos. Até
neste ponto, ele vai surpreender o leitor com o motivo pelo qual o levou a
escolher prostitutas. Acredito eu que muitos devem pensar que o fanatismo da
mãe o fez enxergar essas mulheres como a escória da sociedade, ou talvez outros
acontecimentos em sua infância. Pasmem. Vocês não vão conseguir adivinhar.
Entretanto, posso dizer que a escolha condiz perfeitamente com a personalidade
dele que já vem sendo detalhada nesta resenha.
Quero deixar claro que não concordo com as atitudes dele! Por favor, não confundam
as coisas. James demonstrou durante a autobiografia uma personalidade incrível,
cheio de pensamentos e observações inteligentes ainda mais levando em conta a
época em que viveu, até as escolhas das prostitutas foi realmente
surpreendente, mas isso não faz com que eu aprove ou concorde com as atitudes
tomadas por ele. Continua sendo errado. Digamos que você, leitor, consegue
apenas entender sem necessariamente julgá-lo. O que também é um pouco difícil
na sociedade, né?! Muitos adoram levantar os dedos para os próximos, mas não
fazem isso quando estão de frente para o espelho.
Na execução dos assassinatos, James conta com mais
detalhes a caçada, ou seja, a busca pela vítima perfeita, pelo local perfeito,
pelas circunstâncias perfeitas, deixando poucos detalhes para o momento do
homicídio em si. Conta também seus sentimentos ao fazê-lo. Em determinado ponto
da narrativa, há uma situação complexa e confusa, algo que acontecia na mente
do JACK. Você vai entender depois.
A segunda parte finaliza com seu último assassinato,
em 10 de novembro. O mais sanguinário, na minha opinião. E descobrimos o motivo
pelo qual Jack parou de atuar.
É importante lembrar também que nesta parte entendemos
de onde vem o apelido Jack, o Estripador, e algumas revelações sobre mensagens
deixadas pelo assassino. Vieram mesmo dele?
Parte III
Sinceramente não sei muito o que falar da terceira
parte. Digamos que notei uma diferença na narrativa dela para as anteriores e,
ao ler o apêndice, acho que confirmei minhas dúvidas, apesar de que nada neste
livro possa ser de fato confirmado, é
claro.
A partir daí, vemos um Jack que não mata mais, que
passa a viver seus 40 anos após o último assassinato de maneira comum. É o
momento da sua vida no qual ele decide escrever o manuscrito contando tudo afim
de deixá-lo a cargo de seu testamenteiro de modo que possa ser publicado após
sua morte. Vemos que Jack, o Estripador, já havia virado uma figura
representada em filmes, vemos o aumento das narrativas policiais (momento em
que surge Agatha Christie), vemos a sociedade mudando um pouco.
Porém, nesta parte há um ar de lição de moral, o mesmo
que encontramos ao final de um conto de fadas, o mesmo que encontramos na
ficção. Parece que James quer nos dizer algo com as situações que narra como
importantes deste período de sua vida. Talvez mostrar o quanto suas ações cruéis
tenham influenciado pessoas que nem imaginava, induzindo certo arrependimento
por parte dele. Também há quase uma trama policial no final do livro. Diante de
uma situação de risco, James precisa tramar um homicídio bem diferente dos que
costumava tramar e bem... você precisará ler para saber porque não posso
entregar o final. Confesso que estou ansiosa para trocar figurinhas com outros
que tenham lido este livro ou que venham a ler.
É uma história enriquecedora sob vários aspectos, a
maior parte deles já citei anteriormente, e vem da própria personalidade do
James. Há também um ganho cultural já que através dos olhos dele podemos ver a
Londres da época, podemos ver a sociedade daqueles anos e, infelizmente,
observar como muitas mentalidades ainda não saíram de lá. Foi uma das melhores
leituras que fiz neste ano, ou até mesmo na minha vida. "Eu sou Jack, o
Estripador", ganhará um espaço especial na minha estante com toda a certeza.
Como esse manuscrito surgiu?
Achei importante finalizar a resenha explicando como
essa autobiografia surgiu. É um breve resumo. James preparou seu manuscrito e o
deixou a cargo do testamenteiro, alguém que na época era um ilustrador famoso e
que, por coincidência, veio a conhecer James Carnac no clube. Entretanto, este
ilustrador morreu cedo e o manuscrito, guardado em sua cômoda, foi leiloado
para o Radio and Toy Museum, de
propriedade de Alan Hicken. A partir daí, podemos voltar para a primeira parte,
ok? (rs).
OBS: Quero dizer também que achei oportuna a colocação das vítimas nas últimas páginas com o intuito de mostrar que, apesar de qualquer coisa, Jack O Estripador foi um assassino que vitimou mulheres em 1888.
OBS 2: Não encontrei erros de revisão! Uau!
Até a próxima <3
Beijinhos.
Kate
Nascida e criada no Rio de Janeiro, Katerine Grinaldi já visitou lugares que não estão nos mapas convencionais. Isso graças ao seu amor pela literatura, tanto no ato de ler como no de escrever. Encantada com histórias que fazem pensar e por personagens de apaixonar, Katerine decidiu criar outros mundos para que leitores – como ela - pudessem visitar. Advogada, ela não abandona um de seus maiores prazeres: escrever. A Herdeira, seu primeiro livro, foi lançado na Bienal do Livro de 2015.
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Clubenetes.