Clube do Livro e Amigos
[Conto] Encontrando-me por Ingrid M. S.
Olá Gente linda.
Hoje temos o [Conto] Encontrando-me de minha autoria, em homenagem a semana especial do Dia Internacional da Mulher!!!
Sou Ingrid M. S. a ColaborAutora fofa do Clube do Livro!
Encontrando-me
“Se a mulher soubesse que sua força está na sua fragilidade, dominaria o mundo.”
(V. Vilhena de Morais)
Sou Anelise
Meyer, e minha vida tomou um rumo completamente diferente, quando eu tinha
apenas seis meses de vida...
Meus pais retornavam comigo de uma
tranquila consulta ao pediatra, quando começou a chover forte, sendo
quase impossível enxergar a estrada á frente. Isso influenciou para que o motorista
de um caminhão carregado perdesse o controle do veículo, provocando um trágico
acidente.
Para me proteger do impacto
iminente, minha mãe se abaixou no banco do passageiro, envolvendo-me com segurança
em seu corpo. Os dois morreram no exato instante da pancada, apenas eu
milagrosamente sobrevivi.
Após alguns dias em observação no
hospital local, recebi alta e minha tia, irmã mais nova de minha mãe, única parente
mais próxima, Eliza, foi me buscar. Á contragosto no início, pois nunca
aprovou o relacionamento da minha mãe com meu pai, o culpando pelo ocorrido, o que piorou a situação, deixando-a ainda mais abalada.
Tornando-se minha responsável legal
até eu atingir a maioridade, que não era exatamente o que ela planejava para
sua vida, apesar de me amar, pois era sua sobrinha, sangue de seu sangue, não
se imaginava criando uma criança, muito menos uma que não nasceu dela.
Tia Eliza, morava de aluguel em um
minúsculo apartamento. Então, aproveitou a oportunidade e mudou-se para a casa de meus pais, grande e
espaçosa. Na época ela era solteira, não havendo quem se opusesse a sua decisão
de ficar comigo.
Sempre teve uma vida muito regrada, independente e organizada além do normal. Ás vezes, eu chegava
a pensar que ela podia estar desenvolvendo TOC e a convivência me fez adquirir algumas
manias estranhas.
Ela era jovem, bonita e muito
atraente. Tinha seus eventuais encontros sem compromisso, apenas passatempos
para relaxar como ela fazia questão
de enfatizar, pois dedica-se ao trabalho de corpo e alma, só pra ser reconhecida como uma publicitária exemplar.
Assim que fiz três anos de idade, ela
começou a sair com mais frequência, me deixando aos cuidados da babá, Elle, uma
adolescente de quinze anos de idade, excessivamente simpática, viciada em
jujubas de uva, que me dava doces fora de hora, me fazendo ficar agitada, permitindo
que eu ficasse acordada até tarde assistindo desenhos animados na TV.
Só de piscar os meus olhinhos,
Elle, não resistia e me dava o que eu queria, não havia regras quando tia Eliza
estava fora, principalmente porque meu poder de persuasão me dava muita
vantagem.
Eu tinha dez anos de idade, quando
tia Eliza foi a um evento da empresa de publicidade, onde encontrou o homem da
sua vida – para a minha decepção – pois imediatamente percebi que ele me
detestava. Contudo, ela parecia não perceber o desafeto, ou se fazia de
despercebida, estava cega de amor.
Alberto era poucos anos mais
velho, um empresário de sucesso, muito bem sucedido, que recém havia adquirido
50% da empresa em que ela trabalhava. O repentino namoro deles engatou,
passando apenas seis meses depois para o noivado com um pedido digno de cinema,
esbanjando champanhe e rosas vermelhas.
Realizou um jantar muito bem
elaborado, com alguns amigos mais íntimos de ambos, para o qual, eu não fui
convidada – porque obviamente não era bem vinda por ele – fiquei em casa
sozinha, pois Elle havia viajado com os pais para a Disney.
Olhei os álbuns de família que
encontrei numa caixa dentro do armário de minha tia, tentando entender porque
meus pais tinham morrido tão cedo, qual o sentido da minha vida? Ser deixada de
lado como um brinquedo quebrado?
Tia Eliza e Alberto estavam
animados, fazendo mil planos para o casamento iminente, a mudança para a nova
casa em um bairro nobre, entre outras coisas. Enquanto eu ficava só observando,
cada vez mais sozinha, ainda mais depois de descobrir que Alberto queria ter
filhos, com certeza, não desejando que uma órfã, sobre a guarda da tia, fosse
morar com eles em seu novo lar. Eu estava sobrando nessa história.
Com o consentimento de tia Eliza,
fui mandada para um colégio interno, só para meninas, uma verdadeira prisão,
para onde levei as poucas coisas que eu tinha, incluindo fotos de meus pais e
uma câmera fotográfica profissional que pertenceu a eles, que haviam sido fotógrafos
admiráveis.
Passei oito anos naquele lugar,
recebendo algumas poucas ligações nas primeiras duas semanas, somente no final
da tarde, após as aulas, depois elas se tornaram esporádicas, até cessarem de
vez. Tia Eliza já não se importava.
Soube que eles tiveram gêmeos, um belo
casal. Alberto viajava a negócios, enquanto Eliza ficava em casa cuidando dos
filhos, não conseguindo conciliar a correria de seu trabalho com a vida de mãe,
ela optou por largar tudo e se dedicar a casa. Nunca imaginei que fosse fazer
isso com sua vida.
Assim que completei dezoito anos
de idade, finalizando os estudos, tive que ir embora do colégio. A reitora fez
questão de ligar para minha tia, mas eu insisti que não o fizesse, eu estaria
bem sozinha, acabei acostumando com aquela situação.
Tendo acesso a uma quantia em
dinheiro deixada por meus pais em uma poupança para mim, que abriram ao
descobrir da gravidez, para preparar meu futuro. Também tinha uma quantia do
fundo deixado pelo seguro após o acidente.
Nada me prendida a lugar algum, logo,
sem ter de quem me despedir, eu decidi viajar, para longe de preferência. Levando
alguns pertences em uma mochila e a câmera fotográfica, fazendo planos para
conhecer cada canto do mundo.
Coloquei vários papéis coloridos
dentro de um pote de vidro com uma etiqueta na frente, onde estava escrito: “For Adventures – Para Aventuras”, eu Anelise
Meyer, uma desconhecida estaria em meio a completos desconhecidos.
Fiz um curso de fotografia em
Paris, consegui uma bolsa integral e me encantei por tudo que tive a
oportunidade de aprender. Como um pássaro eu necessitava de liberdade, podia
abrir as minhas asas e voar para onde quisesse. Sem me prender a nada e a
ninguém, sem deixar qualquer coisa pra trás.
Nunca tive uma amiga de verdade,
apenas colegas, muito menos um relacionamento amoroso intenso, verdadeiro,
apenas um envolvimento passageiro que não deu em nada, pois não tínhamos nada
em comum. Amor, para mim, parecia mais um mito. Não passava de um conto de
fadas, algo épico, em que eu não em encaixava.
Consegui alguns trabalhos como freelancer para jornais e revistas,
tratando tudo por intermédio de e-mails. Tornei-me o tipo antissocial. Sendo a
fotografia o que me mantinha sã.
Lembro-me da primeira vez que
segurei aquela câmera, nem mesmo sabia a forma certa de fazê-lo, mas estava
empenhada, completamente fascinada por aquele mundo através das lentes, uma
nova visão.
Passaram-se alguns anos e minha
tia ligou apenas duas vezes, mas preferi não atender, havia deixado ela no
passado. Aprendi a falar inglês, francês e espanhol com fluência, conheci
muitas culturas diferentes, encontrando-me em cada lugar que passava.
Aos vinte e seis anos de idade, havia
me tornado uma mulher bonita, de pele clara, cabelos ruivos longos e lisos,
olhos cor de âmbar, estatura mediana, lábios rosados, vendo as fotos que tinha
dos meus pais, percebia a mistura perfeita.
Numa quarta-feira de manhã, estava
na sala de embarque do Aeroporto Internacional de Roma, sentada próximo à
imensa janela com vista para o pátio de aviões, observando através da lente da
minha câmera eles decolarem e pousarem. O céu azul cristalino, de tirar o
fôlego.
Quando percebi alguém se sentou ao
meu lado, apesar dos muitos lugares vazios, o que me incomodou um pouco. Nunca
me aproximei tanto de outra pessoa antes, me prevenia disso.
Olhando de relance, pude constatar
que era um homem, aproximadamente trinta anos de idade, pele clara, cabelos
loiros curtos e repicados, lábios carnudos, muito bonito e atraente. Quando me
dei conta havia virado em sua direção, vendo a cor exata de seus olhos, verdes
claros, e me dei conta que ele também me observava com a sobrancelha arqueada
sorrindo simpático.
— Gosta da vista?
– perguntou e eu acabei entendendo mal.
— Você é muito
convencido – resmunguei indignada fazendo-o rir — Não ria de mim!
— Estava
perguntando a respeito de para onde olhava antes de se virar para mim –
esclareceu ele deixando-me envergonhada — Você é fotógrafa?
— Sim. –
respondi tentando desviar de seu olhar atento, sentindo minhas bochechas arder
ainda pela resposta tosca.
— Sou Miguel
Gouveia. – apresenta-se me estendendo a mão educado.
— Anelise
Meyer. – faço o mesmo, hesitando antes de tocar sua mão forte e quente, a
afastando em seguida como se tivesse acabado de levar um choque.
— Então,
Anelise, para onde está indo? – perguntou Miguel curioso, me encarando em
expectativa com aqueles belos olhos verdes que pareciam duas esmeraldas.
— Não sei bem.
– respondi sincera, pois pela primeira vez não sabia para onde ir, os papéis do
pote haviam acabado.
— Como assim? –
indagou confuso.
— Percebi que
aí é que está à graça – respondi rapidamente — O que você me recomenda?
— Não sei,
conheço poucos lugares. – afirmou pensativo.
— Eu já estive
em tantos, que perdi as contas, mas nunca tive para quem contar sobre as minhas
experiências, a não ser agora para você, um desconhecido. – comentei sorrindo.
Havia passado
por tantas coisas ruins e boas, tinha muita história pra contar, com esse
pensamento, acabei me abrindo ali, para Miguel. Sentia algo diferente nele,
pela primeira vez era como se eu pudesse confiar em alguém a não ser em mim
mesma.
Acabou sendo
reciproco, ele parecia também precisar disso. Vivia sobre a pressão de seu pai
no trabalho, precisava se manter focado o tempo todo, ser o Sr. Perfeito o
tempo todo. Seu voo estava atrasado, por isso tínhamos tempo suficiente para
explorar um pouco mais de Veneza.
A cidade
romântica sonhada por muitos. O momento para viver uma nova experiência.
Aproveitei para tirar algumas fotos, foi incrível. Miguel me fez sentir especial
pela primeira vez na vida.
— Você não
sonha em se fixar em algum lugar, ter alguém, uma família? – perguntou
percebendo que de repente fiquei evasiva.
— Confesso que
eu nunca pensei nisso, não sei qual o verdadeiro significado de uma família,
porque eu não tive uma – respondi melancólica — Mas quem sabe, nunca digo
nunca.
— Todos nós
merecemos encontrar a felicidade em algo ou alguém, sempre há algo muito maior
do que a liberdade que necessitamos ter – começou ele como se soubesse o que se
passava dentro de mim, soube me ler bem — Você precisa de uma pessoa com quem
possa compartilhar os momentos.
— Talvez. –
sussurrei sem saber se ele havia me ouvido.
Estava
escurecendo e estava na hora de retornar ao aeroporto. A despedida, que
ocorreria pela primeira vez, me fazia sentir triste.
— Não sou bom
com despedidas. – disse Miguel me olhando sério.
— Então não se
despeça – sugeri — O mundo dá muitas voltas, quem sabe em uma dessas nos
reencontramos.
— Sim, quem
sabe – concordou, contudo se manteve pensativo, procurando uma alternativa
talvez — Que tal você vir comigo?
— É sério isso?
– indaguei sem saber como reagir.
— Nunca falei
tão sério. – assentiu me contagiando com seu sorriso.
Miguel se
aproximou mais de mim, olhando profundamente em meus olhos, me fazendo sentir tão
bem, não mais solitária. Eu viajei por quase todo o mundo para encontrar o que
faltava em mim e acabei encontrando-me não em um lugar, mas em uma pessoa.
Ele me abraçou,
me fazendo sentir segura. Depositou um beijo suave no canto esquerdo da minha
boca, me deixando tonta. Tudo pelo que passei me ensinou muito, me tornei uma
mulher forte, sábia, sensível, determinada a alcançar meus objetivos e disposta
a aproveitar as oportunidades.
Minha vida
estava novamente tomando um rumo diferente, dessa vez com algo bom, isso fazia
parte de mim, mudar de forma inesperada estava se tornando parte da minha
história. O futuro prometia novas aventuras, e eu permaneceria encontrando-me
mais e mais a cada novo dia, onde quer que fosse confiando na minha intuição
feminina.
FIM.
Ingrid M. S. Nascida em 03 de outubro de 1993, é formada em Design de Moda, mora com o marido em uma cidade pequena e muito pacata no interior de Santa Catarina. Ama escrever desde criança, mas somente em 2014, resolveu publicar algo através do Wattpad.
É sonhadora, criativa, detalhista e muito teimosa, uma viciada em livros e chocolate, simplesmente apaixonada por dias frios e chuvosos. Gosta muito de
desenhar, assistir comédias românticas e seriados.
CONTATO: SITE - FACEBOOK - GRUPO NO FACEBOOK - SKOOB - WATTPAD - AMAZON
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Beijinhos Ingrid
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Participe e boa sorte!
Lindo conto, Ingrid e bem inserido no contexto do Dia Internacional da Mulher. Parabéns a todas nós.
ResponderExcluirBeijão.
Olá Vanda, obrigada!!!
ExcluirBeijokas
Oi?! Como assim acabou?! Quero mais rsrsrsrs.
ResponderExcluirBom conto, linda história de desapegos.
Bel Góes
Olá Bel, obrigada!!!
ExcluirMuito feliz por saber que gostou tanto :D
Beijokas
Ah que conto fofo. Um final feliz, gostei. É história real? Adorei. Beijos
ResponderExcluirOlá Thays,
ExcluirObrigada!!! Não, apenas ficção mesmo.
Beijokas
Como sempre a Ingrid arrasando nos contos com romance, esse é mais um dois que me fizeram suspirar.
ResponderExcluirParabéns amiga você tem o dom!!!
Beijos grandes e continue Seymour escrevendo, feliz dia das mulheres!!!
Olá Giu, minha amiga linda!!!
ExcluirObrigada por todo o carinho :D parabénsss pra você também!!!
Beijokas
Olá Ingrid
ResponderExcluirQue texto mais lindo. Juro que pensava que algo ruim fosse acontecer com a mocinha e li roendo as unhas.
Adorei o rumo da história e ver como a personagem cresceu, apesar de não ter curtido muito o fato de a tia ter abandonado ela :(
Beijos!
Olá, Bruna!
ExcluirObrigada!!!
Beijokas
Olá Ingrid, adorei o conto...de início me bateu uma tristeza, mas depois fiquei feliz com o que o destino reservou para a garota.
ResponderExcluirEu estava achando que no final ela iria ter que ficar com os filhos da tia...kkkkkk
Super beijo e sucesso!
Olá, Raquel!
ExcluirObrigada!!!
Beijokas
Oii.... Lindo post e o conto maravilhoso! Parabéns! Simplesmente amei S2... beijos
ResponderExcluirOiii Mercia,
ExcluirObrigada!!!
Beijokas